segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Pós-Humano?

O humano, este que concebemos, modelo, em se tratando dos animais. O animal  que se difere dos demais por meio da "razão" e a  usa para intervir na natureza por meio do trabalho a fim de produzir a existência sempre teve seu conceito de  "humano" como objeto de estudo seja na Filosofia e mais tarde na Ciência Moderna Antropologia. No entanto, é notável que ao longo da história o humano do homem tem uma relação  contraditória por várias razões e gostaria de me debruçar sobre duas delas para discorrer. A primeira, diz respeito ao fato de no momento em que construiu a técnica( ferramenta), acessórios para usar, entre outros já passou a ligar-se a estes como uma extensão de si, e o segunda está associada ao fato de que o projeto de pureza humana foi reclamado para fins tão absurdos que foi o bastante para abalar os alicerces da sua superioridade racional frente aos demais animais e ao teológico.


                                                            http://www.culturamix.com/noticias/mundo/principais-guerras-mundiais/

 Quando o humano precisou da tecnologia para produzir a sua existência humana( se alimentar, se abrigar, locomover) criou uma ligação muito profunda com está e isso foi se tornando seu  dependente com o passar do tempo. Paralelo a isso Conheceu os deuses e a espiritualidade, como forma de completude e de dar sentido a sua existência como um ser complexo. Até hoje não se sabe se foi criado ou se criou seus próprios Deuses construindo sua cosmovisão de vida e mundo. Conforme o tempo foi passando cansou-se das explicações teológicas para os acontecimentos do universo e recorreram a sua tão humana condição racional para entender e conceber o seu projeto de humanidade desenvolvida .Kant acreditava que através das luzes da razão(iluminismo) e da moral construiríamos uma humanidade desenvolvida, harmoniosa. O imperativo categórico construiria limites para que os homens não destruíssem e assim cada geração iria contribuir para esse sonho de humanidade maravilhosa. Junto a isso a ciência foi se desenvolvendo, construindo mais recursos a serem utilizados pelo homem para melhorar suas vidas, a máquina  de escrever, impressa , os enfeites, a medicina foi evoluindo e as próteses foram prolongando a vida do homem, garantindo sua existência . O não humano ou produto do trabalho e da razão humana foi se tornando parte dele a ponto de garantir a sua vida. O desejo pelo progresso e desenvolvimento, racionalidade, domínio e conquista, levou os homens a entrarem em territórios que pertenciam a outros homens e a desenvolverem armas para guerrearem, dominarem e matarem uns aos outros para se apropriarem de terras, entre outros" bens de valor". E isso acontecendo com cada vez mais frequência e violência culminou nas conhecidas Guerras, até que isso se propagou a nível mundial: A primeira e a Segunda Guerra Mundial. O nazismo que proclamou a raça pura( a representação da raça humana) e destruiu vários seres igualmente humanos mostrou a fragilidade dessa concepção.Estes acontecimentos puseram em xeque a racionalidade, superioridade humana frente aos animais e todo projeto de progresso da humanidade feito de forma moral e por meio da razão. Até que ponto o homem foi superior aos animais irracionais criando através das técnicas meios de se autodestruir? Nesse momento histórico se encontra-se latente a contradição do humano. O fim da idade moderna mostra que a concepção histórica do humano, como  ser autônomo( nunca existiu, pois sempre precisou da técnica e posteriormente  do que não era humano para continuar existindo enquanto tal e que o humano enquanto superior aos demais animais por conta da razão é questionável diante das atrocidades que esse é capaz de fazer em nome de um "progresso da humanidade".

                                                                            http://cinema10.com.br/filme/eu-robo

2 comentários:

  1. Interessante esse conceito de pós-humano, gostei do seu blog, continue postando!

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  2. Creio que a questão da autonomia, do ser "autônomo", refere-se a ter controle e consciência das suas ações, logo optando ou não por praticá-las. Gostei do seu texto, o mesmo possibilita inúmeras discussões.

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